“O conto é, do ângulo dramático, unívoco, univalente. Num parêntese, cabe dizer que sentido encerram as palavras “drama”, “dramático” e cognatos. Devem ser entendidos como conflito, ação conflituosa, etc. O drama nasce quando se realiza o impacto de duas ou mais personagens, ou de uma personagem com suas ambições e desejos contraditórios. Se a paz reinasse entre as personagens, não haveria conflito, portanto, nem história. E mesmo que se viesse a escrever um conto acerca do tema da tranqüilidade de espírito, é certo que malograria esteticamente. A bem-aventurança medíocre produzida pela satisfação dos apetites primários não importa à Literatura, pois mesmo fora da Arte as pessoas “felizes” são monótonas e desatraentes: somente a dor, o sofrimento, a angústia, a inquietude criadora, etc., faz que as criaturas se imponham e suscitem interesse nos outros. A Literatura opera exatamente no plano em que o homem encara a vida como luta, tomada a consciência da morte e da precariedade do destino humano: não se acomoda, não se torna feliz; e quanto mais indaga, mais se inquieta, num permanente círculo vicioso. Aí entra a Literatura.”

MOISÉS, Massaud. A Criação Literária – Prosa. São Paulo: Cultrix, 1987. p.20.

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