Werther_cover

Chegamos ontem aqui. O embaixador acha-se indisposto e deverá guardar o leito por alguns dias. Se Ele tivesse um pouco mais de boa vontade, tudo iria muito bem. Sinto perfeitamente que o destino me reserva bem duras provas. Mas, coragem! Com bom humor tudo se suporta… Com bom humor! Rio-me ao verificar que essas palavras me pingaram da pena. Oh! Bastar-me-ia um temperamento um pouco mais confiante e mais indiferente para fazer de mim o homem mais afortunado que o céu cobre. Como! Vendo outros, felizes na sua apoucada suficiência, tirar partido da sua débil capacidade, das suas habilidadezinhas, desesperar-me eu das minhas forças e dos meus dons naturais? Ó Deus, que me concedeste tudo isso, podias dar-me apenas metade, contanto que me incutisses confiança em mim mesmo e contentamento de espírito!

Paciência, paciência! Tudo isso há de passar, porque reconheço meu amigo, que você tem razão. Depois que me vejo diariamente metido com estes sujeitos, e noto o que Eles fazem e como fazem, vivo mais satisfeito comigo mesmo. Certamente que sim, pois sendo da nossa índole compararmo-nos a todas as coisas e comparar todas as coisas conosco, a nossa felicidade ou a nossa desdita dependem dos objetos desse confronto; de sorte que nada e mais perigoso para nós do que a solidão.

(Johann Wolfgang von Goethe, in Os Sofrimentos do Jovem Werther)

https://www.terapiadapalavra.com.br/entrevista-affonso-romano-literatura-escrita-transformacao/

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A prática de escrever cartas não enviadas vai além do simbolismo e tem respaldo científico como ferramenta terapêutica. Estudos mostram que essa forma de escrita ajuda a processar emoções, aliviar a ansiedade e promover o autoconhecimento. Seja para despedidas, pedidos de perdão ou diálogos internos, escrever sem a expectativa de resposta pode ser um poderoso exercício de cura emocional.

Um prédio de correios no Japão virou abrigo para cartas a entes queridos que se foram. Reflexão sobre memória, despedida e a escrita como ponte entre mundos.

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