– Esqueça.
– Como assim?
– Suas chances são bem pequenas.
– O que minhas chances têm a ver com isso? Eu estou apaixonado por ela, o fato de ela não estar apaixonada por mim, ou ainda, o fato de ela me odiar, não muda nada.

Se é que isso não aumenta a paixão. O prazer do amor impossível vem exatamente do fato de não ter a menor chance de “dar certo”. Um amor “dar certo” é um conceito que muda de tempos em tempos e de lugar para lugar. Nos últimos cem anos, no Ocidente, criou-se um consenso que um amor “dar certo” significa monogamia eterna com prazer sexual, casar com uma pessoa só pela qual se está apaixonado e ser-lhe fiel e apaixonado até que a morte os separe. “Dar certo” já significou, e em muitos lugares ainda significa, produzir filhos saudáveis, ratificar acordos de paz entre clãs, tribos ou nações, garantir a posse de terras, manter tradições familiares, agradar aos pais ou pagar dívidas. Casamento e paixão eterna ao mesmo tempo é uma idéia recente e que só pegou em alguns lugares do planeta, como o futebol de salão.

(in Trabalhos de Amor Perdidos, Jorge Furtado, Ed. Objetiva)

https://www.terapiadapalavra.com.br/entrevista-affonso-romano-literatura-escrita-transformacao/

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Um prédio de correios no Japão virou abrigo para cartas a entes queridos que se foram. Reflexão sobre memória, despedida e a escrita como ponte entre mundos.

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