Já é difícil para um simples mortal conseguir um emprego, que dirá 52 – em um único ano. Em 2007, como muitos recém saídos da universidade, ele tinha um diploma e ainda não sabia bem o que fazer com ele. Ao invés de aceitar qualquer trabalho para pagar as contas, Aiken se lançou numa missão: descobrir sua paixão. Ele começou num emprego novo a cada semana, sempre às segundas-feiras, e nos 365 dias em que durou o projeto chegou a trabalhar como fazendeiro, florista, professor de yoga, astrônomo, bombeiro, cowboy… e por aí vai.

Viajou 75 mil quilômetros e dormiu em 55 camas diferentes – até no chão. E escreveu um livro “The One-Week Job Project: One Man, One Year, 52 Jobs”, ainda sem tradução no Brasil. No livro, Aiken reúne crônicas da sua jornada através dos EUA e Canadá que tentam responder “O que eu quero ser quando crescer”?

Você disse que o estímulo inicial do seu pai foi muito importante.
“Na verdade, é tudo culpa dele”, ri Aiken. Nós estávamos sentados à mesa de jantar discutindo o que eu deveria fazer da minha vida e ele disse “Não importa o que você fará, Sam, desde que seja algo pelo que você realmente tenha paixão”. E completou “Estou vivo há quase 60 anos e nunca encontrei algo que me apaixone além da sua mãe”.

Esse diálogo fez Aiken pensar em quantas pessoas, além do seu pai, viviam situação parecida. 30, 40 anos no mesmo emprego e eles não gostavam, necessariamente, daquilo que faziam.

Quando comecei essa empreitada eu não sabia o que queria fazer, mas já sabia que precisava me fazer feliz. Fiz uma promessa pra mim, então: “Vou encontrar minha paixão”. E foi assim que começou o projeto.

Você fala bastante da escolha entre dinheiro e felicidade. Não acha que é possível ter ambos?
Claro que é! Há muitas pessoas que adoram o que fazem e são remuneradas. Me lembro particularmente de Chet, um cowboy em Wyoming. Ele não ganhava bem com o que fazia, e era um trabalho duro. Ele dizia “o dinheiro não é importante para mim. Eu ganho o suficiente para viver e é o que eu preciso. E é tudo. Amo minha vida e amo o que eu faço.” É isso que é difícil, comprometer-se com o suficiente. Dizem que quando você faz o que você gosta o dinheiro é conseqüência… e se não for?

Uma das coisas mais legais no seu projeto foi que não importava qual era o trabalho da semana você encontrava alguma lição para tirar daquela experiência. Alguma marcou mais?
Eu aprendi que ‘tudo bem’ não saber o que se quer fazer, mas há que se fazer alguma coisa. E também é preciso olhar em muitas direções até encontrar algo que faça você se apaixonar. Na semana 22 eu era um DJ na rádio e me lembro muito bem o que o diretor do programa me respondeu quando perguntei se o sonho dele sempre tinha sido trabalhar no rádio. Ele disse: “nós aqui somos todos uma espécie de músicos mal-sucedidos”. O que ele queria mesmo era ser um astro do rock, mas o rádio foi um substituto para o seu sonho não realizado. Ele lida com as mesmas pessoas, está envolvido com os mesmos assuntos e continua cultivando sua paixão pela música. Ou seja, só porque você não tem talento ou sorte suficientes para ser um astro de rock você não precisa sair por aí vendendo seguro de carro, né?

Para ler mais, clique aqui (na Time, em inglês).

https://www.terapiadapalavra.com.br/entrevista-affonso-romano-literatura-escrita-transformacao/

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