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Escrita é catarse. Do grego catharsis (purgação), e significa libertação do que estava contido ou sensação de alívio causada pela consciência de sentimentos ou traumas anteriormente reprimidos. Narrar é organizar, nomear aterra o que antes era abstrato. É também desabafo, elaboração. Confira, a seguir, 5 livros cuja escrita é, todo o tempo, a história e a elaboração de um luto.

 

  • O ano do pensamento mágico – Joan Didion

    Lançado em 2005, rapidamente se tornou uma referência para quem vive o luto. A escritora viu sua vida virar de cabeça para baixo de uma hora para outra. Seu marido faleceu subitamente dentro de casa enquanto o casal vivia o drama de ver sua filha única lutar contra uma doença grave. No livro, Joan expõe suas forças e vulnerabilidades. ‘Como viver sem ele? Como seguir em um mundo que me é desconhecido?’ – são algumas questões com as quais a autora se depara.

  • Morreste-me – José Luís Peixoto

    Primeiro livro do português José Luís Peixoto, Morreste-me resultou de um processo de luto. O autor começou a escrevê-lo aos 21 anos, três meses após a morte de seu pai, que é o tema nessas 62 páginas. Trata-se de um texto de extrema sensibilidade, sem apelar somente para a melancolia que a perda de um pai pode trazer, mas é, ao mesmo tempo, uma belíssima homenagem ao seu pai, uma visita às boas – e nem tão boas – memórias.

  • Paula – Isabel Allende

    Em dezembro de 1991, a filha da autora, Paula é internada em um hospital da Espanha, gravemente doente. Allende acompanha o sofrimento da filha que se prolonga durante meses, em um coma irreversível, e escreve a história de sua família para a jovem inconsciente, na esperança de que algum dia ela desperte. Encantados, temos acesso às memórias de infância de Isabel Allende, os relatos sobre seus ancentrais, sobre a sua juventude e seus segredos mais íntimos. O Chile e a turbulenta história do golpe militar de 1973, a ditadura e o exílio de sua família são pontos altos dessa autobiografia inesquecível. Paula é uma evocação e um hino à vida, escrito com força e coragem de uma mulher que soube dar a volta por cima.

  • A Invenção da Solidão – Paul Auster

    Um dos autores mais apaixonantes da literatura americana contemporânea, Auster traz em seu livro de memórias, A invenção da solidão, recordações pessoais com comentários argutos sobre literatura, pintura e filosofia. O tema é a paternidade. Auster, abalado com a morte do pai, tenta examinar o mistério desse homem frio, esquivo, cujo enigma só começa a se desvendar por um lance de sorte. No curso dessa exploração poética, Paul Auster faz valer seus atributos de crítico literário e analisa obras como As aventuras de Pinóquio, As mil e uma noites, a poesia de Hölderlin, Mallarmé e Marina Tzvetáieva, o pensamento de Proust e Freud, além da pintura de Vermeer e Van Gogh. Entrelaça essas diversas obras, de forma irresistível, em torno do tema das relações entre pai e filho, ficção e vida, linguagem e solidão.

  • O Pai da Menina Morta – Tiago Ferro

    Primeiro romance do escritor e editor paulista, Tiago Ferro, que ganhou um Jabuti. Escrito depois da tragédia que viveu em 2016, a perda de sua filha de oito anos em decorrência da Influenza B. Foi, talvez, através da escrita que encontrou uma forma de reconectar-se ao mundo. Sua primeira intenção foi construir um diário. Porém, viu sua prosa se decompor em outras formas narrativas, construindo assim uma autoficção composta por seções, que terminam por constituir uma espécie de caleidoscópio.