A escritora carioca Ana Maria Machado está perto de completar 70 anos, em 24 de dezembro, à toda. Acaba de lançar o livro de ensaios Silenciosa Algazarra e o nono romance, Infâmia, ambos pela editora Objetiva.
Sexta ocupante da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras e vencedora do prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra, a autora fez carreira na literatura infantil com mais de 100 títulos e 19 milhões de exemplares vendidos, traduzidos para mais de 18 países. Infâmia conta a história de um chefe de almoxarifado de repartição pública acusado injustamente de corrupção após denunciar casos de desvio de verba no trabalho.
O tema está à flor da pele do brasileiro e mostra como Ana Maria Machado anseia por ser reconhecida fora do círculo da literatura infantil que a consagrou. Ela admite que se tornou prisioneira da imagem de escritora infantil, apesar de ser uma autora diversificada desde o início – sua primeira obra editada foi a tese de doutorado sobre a construção textual de Guimarães Rosa, orientada pelo semiólogo Roland Barthes, na Sorbonne. Formada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e iniciando-se na carreira como pintora, a autora exerceu o jornalismo durante mais de dez anos. Aqui, ela narra a dura experiência do exílio europeu, na virada da década de 1960 para 70, após ser presa pelo regime militar; fala do tratamento de um câncer e mostra-se orgulhosa por integrar a geração que considera ter revolucionado o livro infantil no Brasil, na qual inclui, entre outros, Ziraldo, Lygia Bojunga Nunes e Ruth Rocha.
Para ler a ótima entrevista realizada pelo jornalista Guilherme Bryan e publicada na Revista Língua, clique aqui.