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Maria Rachel Oliveira  

Só fui três vezes à Paris, mas amo aquele lugar como se tivesse nascido lá. Grampeio pacotes de biscoito. Tenho nariz torto, desvio de septo, sinusite. Uma vez, aos 15 anos, quando ainda tinha orelhas de abano, colei com Super Bonder e uma delas soltou no meio de uma festa (pois é). Amo castanhas de Natal quentinhas, vinho tinto, suco de tomate temperado, fondue, carpaccio, queijo brie com ou sem geléia de damasco, bolo quente com manteiga e waffle com mel. Libriana típica, não consigo escolher com certeza absoluta nem sabor de Donut. Tento fazer alguma literatura, mas sou melhor em ensinar do que em aprender. Clarice Lispector é a única pessoa que eu gostaria de ter sido além de mim. Sou nostálgica de nascença. Já quase fui pianista, mas estou muito enferrujada. Detesto ficar com as unhas por fazer. Sou futuróloga, taróloga e astróloga auto-didata. Já operei de apendicite. Ronco. Coca-cola addicted. Adoro iluminação indireta e Klimt. Já tricotei – mal – um cachecol. Amo mandalas e vitrais de igrejas. Detesto bicho voando perto de mim. Nasci em 1972. Morei no interior dos Estados Unidos e falo inglês com sotaque de caipira. Adoro bebês gordinhos e fofinhos e adoro mais ainda seus pezinhos rechonchudos.

Sou Maria, neta de Maria, filha de Maria e mãe de Maria. Prefiro os barulhos da noite. Queria ter vivido nos anos 20 pra usar camélias nos cabelos. Ainda aprendo uns passinhos de tango nessa vida. Babo por art nouveau. Gosto de azul, de rosa e dos lilases que ficam no meio do caminho. Amo cheiros de lavanda e de alfazema e velhinhos fofinhos e velhinhas de chapéu. Nunca gostei de dormir cedo, e de acordar menos ainda. Perguntas sem resposta me incomodam e eu escrevo para tentar me entender e entender esse mundo que nos cerca (e do qual eu frequentemente duvido fazer parte). Banho de banheira com espuma, sais, à luz de velas e sem hora de vez em quando é coisa fundamental para minha sobrevivência. Gosto de cantar dirigindo. Amo fotografia. Sou desorganizada e cacarequeira; adoro bobagens de papelaria e papel velho. Sou tarada por sapatos e já me apelidaram de Imelda Marcos. Só gosto de chuva que faz barulho. Arco-íris me perseguem e acontecem em quase todos os meus aniversários.

Sou uma jornalista formada pela Uerj em 1994 que sempre adorou procurar sarna pra se coçar. Fiz a primeira pós-graduação em Marketing (ESPM 1996), a segunda em Literatura Brasileira (Unesa 1999) – quando já achava que o jornalismo não me fazia escrever nem ler o suficiente. Depois, ousei ainda tentar entender os mistérios da cabeça de toda gente e fui me formar psicanalista pela Formação Freudiana. O Terapia da Palavra nasceu em meados de 2004, uma espécie de híbrido das leituras de Freud e do livro “A Louca da Casa”, da espanhola Rosa Montero. Um dia, debruçada sobre os escritos catárticos de Fernando Pessoa e Clarice Lispector, entre outros, resolvi me aprofundar ainda mais no tema da escrita como forma de cura; sempre através da promoção do autoconhecimento e da expressão da criatividade. Em 2013 cursei, na UFRJ, uma especialização em Escrita Potencial (Oulipo). Em 2018 tive a oportunidade de me especializar ainda mais, desta vez em Escrita Criativa mesmo, pelo Instituto Camões de Língua Portuguesa – através do mestre Luís Carmelo.

No Terapia da Palavra já são pra lá de 10 anos de história e mais de 50 turmas formadas. Alguns projetos, diferentes parcerias de trabalho, alunos publicados, e, oba!, muitos amigos. 

 


MARIA RACHEL OLIVEIRA

Confira a matéria sobre o Terapia da Palavra
no Portal O Tempo, de Belo Horizonte

ANDRÉ SALVIANO

Na certidão de nascimento está pardo, mas por conta dos olhos puxados todos achavam que minha ascendência era asiática. Japa, Chininha, Jiraya, Jaspion, Jack Chan, Jet Li e qualquer outro epíteto com ligação nipônica ou daquelas bandas já me foi atribuído. Houve quem me chamasse de indiozinho, uma ex-namorada, e outros de Samuel Rosa. Técnico em eletrônica, já quis ser jogador de futebol e cantor. Torcedor apaixonado pelo Flamengo, perdi a conta de quantas vezes já esteve no Maraca pra prestigiar O Mais Querido. No colégio pratiquei futebol de salão, handebol e atletismo, Corri no Célio de Barros em jogos escolares, infelizmente o estádio será demolido e virará apenas história.

E por falar em história, adoro conta-las. Cheguei a flertar com a Engenharia na UFF, só que a Literatura falou mais alto num teste vocacional e no coração, e assim me tornei bacharel em Letras, pela UFRJ. Mas como a vida é irônica, a Literatura ficou sendo meu CPF, enquanto a tecnologia (redes de computadores e geotecnia, uma área da engenharia civil) se encarregou de ser meu CNPJ. Fui professor voluntário num pré-vestibular comunitário lotado na Unirio, por três anos. Lecionando a matéria de Literatura Brasileira.

Fui casado, não tenho filhos, plantei uma árvore e estou escrevendo meu primeiro livro, depois de participar de várias antologias, prosa e poesia, mídia impressa e eletrônica. Escrevo na Confraria dos Trouxas às terças. E durante algum tempo escrevi no 4 Pecados, blogue de textos eróticos que está parado, mas pode voltar a qualquer momento. Admirador da alma feminina, e do corpo idem, tenho nas mulheres minha maior inspiração e a força pra seguir. As mulheres da minha vida com posto imutável e vitalício são: Minha mãe, a irmã e a sobrinha, que também é afilhada. Sagitariano que não sabe o ascendente, curto programas ao ar livre, praia, ler, escrever, música, shows, teatro, cinema, barzinhos e boa companhia. Conversar nunca há de bastar. Sempre teremos sobre o que falar.

Boêmio de carteirinha e folião nato, meu roteiro de blocos, apelidado de Agenda CarnaSal, é sempre aguardado pelos amigos. Toca caixa no Bloco do Sargento Pimenta, onde une as paixões Beatles e Carnaval. Ama Quintana e Machado, mas queria mesmo era ter nascido Chico Buarque. Não acredito em amor à primeira vista. E sempre que estou distraído costumo me apaixonar. Ser carioca é um prazer. E flanar pelas ruas do Rio uma necessidade. Depois de ter lido o Noturnos da Lapa, de Luís Martins, volta e meia me pego caminhando por ela, nos anos 20.

Ainda não sei o que vou ser quando crescer. Dou bandeira com os olhos, e gosto de recitar poemas sem ter plateia. Choro em filmes românticos, e me envolvo com os personagens dos livros que leio. Gosto de suco de melancia e do pôr do sol do Arpoador. Moro em Laranjeiras, mas vivo na Lapa.